Planejar e gerir uma construção não é uma tarefa fácil. Constantemente, problemas surgem no canteiro de obra como resultado de erros nas etapas de planejamento e administração do processo construtivo.
Como indicadores dessas falhas, o construtor passa a observar um aumento na frequência de acidentes, problemas na qualidade dos serviços e do produto final, equipes sobrecarregadas e/ou improdutivas, senso de urgência constante, falta de previsibilidade e outros obstáculos.
Tudo isso poderá afetar diretamente a relação dos gestores da construção com o cliente, o que, consequentemente, causa uma diminuição da lucratividade do negócio.
Para auxiliá-lo no planejamento e controle de obras, trouxemos neste artigo os erros mais recorrentes dessas etapas e como eles impactam no processo de construção. Além disso, apresentaremos algumas dicas sobre como evitar esses empecilhos. Confira!
Gerenciamento de fornecedores ineficiente ou ausente
O gerenciamento da cadeia de suprimentos é uma atividade muito importante para garantir competitividade na atual dinamicidade dos negócios. Gerenciar a cadeia de suprimentos, em outras palavras, significa estabelecer uma boa relação com os fornecedores para manter o fluxo de recursos o mais otimizado possível.
No contexto da construção civil, a administração dos fornecedores está basicamente ligada ao relacionamento com os comerciantes de matéria-prima (cimento, blocos, aços etc.) e às empreiteiras que fornecem mão de obra.
A gestão da cadeia de suprimentos é fundamental para evitar problemas recorrentes em obras, tais como: atraso na entrega de materiais, baixo desempenho da mão de obra terceirizada, matéria-prima de baixa de qualidade e de alto custo, geração de resíduos etc.
Resumidamente, para evitar esses problemas, deve-se considerar as seguintes etapas:
- seleção criteriosa dos fornecedores;
- controle da entrega de materiais;
- estabelecimento de uma relação integrada entre o setor de compras da construtora e o de vendas da empresa fornecedora.
Dessa forma, o construtor terá um controle mais eficaz dos agentes externos e poderá agregar ainda mais valor ao produto final da obra.
Controle dos materiais mal realizado
Após a chegada da matéria-prima no canteiro de obras, muitos gestores se esquecem de cuidados essenciais com esses materiais. Frequentemente, o controle de estoque dos insumos da construção é mal realizado e, com isso, muito do que foi comprado é perdido ou utilizado inadequadamente.
Outro problema associado à desorganização do estoque é a dificuldade de visualizar se a quantidade de materiais comprados atende às demandas da empresa. É comum que a aquisição da matéria-prima esteja acima do necessário, causando desperdícios e prejuízos.
Por isso, é importante que o construtor esteja ciente sobre a quantidade de cada item armazenado. Aconselha-se registrar a entrada e a saída dos insumos e inteirar-se sobre o valor monetário total do que se tem em estoque.
Esse controle pode ser realizado delegando-se a um almoxarife a responsabilidade pelo controle das notas fiscais de entrada, registros de fluxo dos materiais, locação e identificação correta dos produtos e aplicação de inventários rotativos.
Dimensionamento de mão de obra e equipamentos ineficaz
Infelizmente, no Brasil é comum que os projetos sejam executados sem que tenha sido dedicado tempo suficiente para o planejamento deles. Como consequência, essa fase acaba perdendo sua aplicabilidade, tornando-se apenas teórica e inúmeros imprevistos aparecem no decorrer da execução do empreendimento.
Um dos grandes problemas associados a um planejamento mal realizado é o hiperdimensionamento da mão de obra. Frequentemente, equipes muito grandes são designadas para atuar em uma mesma tarefa, gerando desperdício de tempo e dinheiro.
Com os equipamentos também acontecem problemas similares. Os construtores, muitas vezes, desconhecem as capacidades e características dos maquinários, o que acarreta problemas de manutenção ou baixo desempenho do processo construtivo.
Na etapa de planejamento, é importante que as empresas se atentem às informações dos fabricantes e procurem comerciantes que possam auxiliar na escolha dos equipamentos mais adequados.
Para o dimensionamento da mão de obra, recomenda-se basear-se nas estatísticas históricas de outros empreendimentos realizados pelo construtor e realizar estudos de produtividade da equipe.
Falta de planejamento do layout do canteiro
Um dos erros mais recorrentes no planejamento e controle de obras é a ausência ou má execução do desenho do canteiro. Mesmo sendo aparentemente simples, o layout do canteiro é essencial para propiciar produtividade e qualidade ao processo construtivo.
Um layout de canteiro bem executado trará benefícios, tais como:
- mais segurança: ao estabelecer uma sequência produtiva lógica que evite conflitos e congestionamento no trânsito de pessoas e equipamentos;
- produtividade: ao otimizar as distâncias e tempos de deslocamento;
- imagem corporativa: pelos benefícios aparentes da organização;
- mais saúde para os trabalhadores: por contribuir para a limpeza e a higiene do local de trabalho.
Aconselha-se que o canteiro seja projetado antes mesmo de se iniciar a obra. É essencial que se considere todos os equipamentos, as suas características físicas e de desempenho, a quantidade de pessoas para a execução das atividades, o armazenamento dos materiais, a disposição dos banheiros químicos e outras variáveis pertinentes.
O layout do canteiro de obras deve se assemelhar às linhas de produção industriais, em que a localização de cada elemento contribui da forma mais favorável possível para trazer os resultados esperados.
Planejamentos teóricos e descumprimento do cronograma
Assim como falamos, a etapa de planejamento pode perder sua aplicabilidade se realizada de qualquer maneira. Um erro recorrente que advém desse fato é a definição de prazos inatingíveis.
Os gestores dos projetos raramente conhecem com detalhes as técnicas para determinar o prazo de execução de atividades, mas são, em muitos casos, os responsáveis por essa tarefa. Consequentemente, os cronogramas executados por esses gestores ficam bastante ambiciosos, mas pouco aplicáveis.
Esse é um dos mais (se não o mais) frequente erro dos construtores. Seguindo as práticas recomendadas pelo PMBOOK, é fundamental que uma equipe técnica e os colaboradores responsáveis pelo trabalho entrem em consenso sobre o prazo para a realização das tarefas, obedecendo-se, obviamente, a data de entrega acordada com o cliente.
Dessa forma, os gestores trarão mais utilidade e previsibilidade para o cronograma da obra e, portanto, estarão aptos a tomar decisões com prazos mais precisos.
Em resumo, a principal recomendação para evitar todos esses erros é dedicar tempo e empenho durante o planejamento, para que essa fase seja conveniente e relevante. Também deve-se ter controle sobre o que está sendo realizado na obra, para que as decisões não sejam tomadas às cegas. Assim, os prejuízos e desperdícios são evitados, o que traz mais qualidade para a construção.
Se você gostou deste artigo sobre os erros de planejamento e controle de obras mais comuns e gostaria de saber mais sobre esse assunto, confira nosso post sobre “Gestão Eficaz: 5 dicas de economia de obra para você aplicar”. Você complementará ainda mais seus conhecimentos sobre como melhorar o processo construtivo. Corre lá!